Quem frequenta o Tribunal de Contas do Estado do Piauí em ocasiões especiais pode apreciar uma arte milenar pelos corredores da instituição, a junção bem articulada de sopranos, tenores, contraltos e baixos. Trata-se do Coral Contas e Cantos. Um grupo que reúne servidores da corte e faz apresentações durante todo o ano em datas comemorativas.
O coral surgiu no final da década de 1990, mais especificamente em 1998. Durante a gestão do então presidente, Jesualdo Cavalcanti, houve uma apresentação de um canto em comemoração às festividades natalinas, comandado pela maestra Marli Gondin. O que era para ser apenas uma apresentação isolada serviu como inspiração para um projeto musical maior.
O técnico de controle externo, Bernardo de Sá, um apaixonado por música, após longa observação de corais por diversas instituições da cidade, e aproveitando a ocasião da apresentação de natal, viu a possibilidade de implantar um projeto de coral para o Tribunal de Contas. Conversando com o presidente e outros possíveis integrantes conseguiu, como coordenador, tirar a ideia do papel.
Marli Gondin permaneceu por pouco tempo, sendo substituída por Evaldo Sérvio. Em meio a diversos altos e baixos, o projeto manteve-se firme e em 2001, na gestão do Conselheiro Sabino Paulo, o maestro Aurélio Melo passou a comandar as ações do coral, função que assume até hoje. “O canto é algo que é bom para a alma, para o espírito. Sem contar o fato de que estamos praticando uma arte”. Diz Bernardo com orgulho.
O “Contas e Cantos” tem como base um repertório constituído de músicas populares adaptadas para o estilo canto coral. Bernardo Sá conta que o projeto inicial pretendia, além de servir como uma terapia de trabalho, buscar a divulgação desse tipo de arte não só dentro da instituição. O coral chegou a fazer apresentações no Hospital São Marcos, na Igreja do Parque Piauí, no Lar da Esperança e participou do Encontro de Corais no Teatro 4 de Setembro, mas hoje apresenta-se somente no Tribunal. A integrante Aparecida Melo, auditora fiscal, uma das que participam do coral desde o começo, conta a satisfação de fazer parte do grupo: “É bom para a autoestima. Quando estamos muito preocupados com medo de não sair como o planejado e na apresentação dá tudo certo, fico muito feliz”.
Formado por cerca de 20 participantes, o coral tem suas partituras adaptadas também pelo maestro Aurélio. Os ensaios acontecem todas às sextas-feiras às 9h e geralmente vão até às 10h30. A composição apresenta uma divisão de acordo com a frequência vocal de cada integrante. Homens com voz mais aguda são os tenores, os que possuem a voz mais grave são os baixos, as mulheres com tom de voz aguda são chamadas de soprano e as com voz grave são contralto.
Aurélio Melo, destacou a importância do projeto de formação de coral em repartições públicas. “A intenção é tornar o ambiente mais agradável, aproximar os servidores da arte que é a música e envolvê-los com as ações da casa”. O músico faz um convite a todos os servidores que buscam um contato maior com a música. “O coral está aberto a todos, não é só para quem sabe cantar. A voz é um dom que todos nós possuímos, só precisamos saber usá-la”.