A 22ª edição do projeto Sextas Sem Conta, realizada na manhã de hoje (12) no auditório do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), discutiu os “Conflitos Internacionais Contemporâneos”, com ênfase para as guerras da Ucrânia e Ríssia e da Palestina (Faixa de Gaza) e Israel. O ministrante da palestra foi o historiador Daniel Aarão Reis Filho, professor-doutor titular de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense. O Sextas Sem Conta é realizado através da Escola de Gestão e Controle Conselheiro Alcides Nunes (EGC).
O professor Bernardo Sá, coordenador do Sextas sem Conta, abriu a apresentação explicando que o projeto visa quebrar a rotina do TCE-PI na sua função fiscalizadora e analítica de gestões, porque seus quadros são técnicos mas antes de tudo são humanos. Em edições anteriores já foram discutidos temas como a fundação de Teresina, a obra de Torquato Neto, o samba, a batalha do Jenipapo e inteligência artificial.”O tema de hoje é importante porque está diariamente no noticiário, tem provocado milhares de mortes e interessa a todos para que possam entender o que está acontecendo”, disse.
Segundo Daniel Aarão Reis, é muito difícil falar sobre guerras enquanto elas ainda estão acontecendo em meio às restrições de liberdades e narrativas que interessam aos envolvidos. “Qualquer análise está sujeita a controvérsias e redefinições. Nesses casos, elas parecem muito longe do Brasil, mas estão muito perto”, avalia ele, acrescentando que devido ao acirramento elas podem virar conflitos mundiais e prejudicar a humanidade inteira, principalmente se escalarem para o uso de dispositivos atômicos.
Na sua ótica, até a época da Guerra Fria existia um certo Controle da União Soviética e dos Estados Unidos sobre os outros países e eles mediavam os conflitos que surgiam, mas nos tempos de agora, com o fim da União Soviética, a ascenção econômica e política da China e da Ásia, esse controle deixou de existir e por isso as guerras não são cessadas. Para ele, principalmente no caso de Israel, a tendência é o conflito se espalhar ainda mais, pois os ataques não estão ocorrendo somente na faixa de Gaza, mas no Irã, em Taiwan e outros países. “Eles prometem matar os líderes do Hamas onde eles estiverem”, disse.
Para o palestrante, a invasão da Ucrânia pela Rússia espantou o mundo, mas o presidende Vladimir Putin quer a todo custo anexar o país invadido. Por outro lado, os EUA incentivaram a guerra e agora estão chantageando a Ucrânia dizendo que só dão armamentos se puderem explorar as terras raras, de alto valor econômico e estratégico para a indústria da tecnologia. No caso de Israel, são os conflitos religiosos que norteiam a guerra, pois para um membro do Hamas a morte é o prêmio principal, pois eles creem que irão para um paraiso de fartura e delícias.
Enquanto isso, o Brasil fica em posição de quem uma hora está de um lado e outra hora está do outro. Mas, ele alerta que os brasileiros tem que se mobilizar contra esses conflitos. Não o governo em sí, que deve manter uma política de boas relações com todos os outros países. Mas, os partidos políticos podem dar voz ao movimento, fazer ações. “No Brasil, a direita diz amém para tudo o que os americanos disserem e a esquerda, automaticamente fica contra. É preciso definir uma ação”, alerta.
O PALESTRANTE
Daniel Aarão Reis Filho participou das lutas contra o Regime Militar e foi exilado. Formou-se em História na Universidade Paris VII (França), onde obteve seu mestrado. Após voltar ao Brasil fez doutorado na Universidade de São Paulo. É autor de vários livros sobre a história das esquerdas no Brasil e foi também militante político. É professor de mestrado e doutora na Universidade Federal Fluminense.
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