• “Conselheiros são defensores da sociedade”, disse teólogo e professor Leonard Boff

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     Analisar a formação do caráter do cidadão brasileiro, levando em conta fatores históricos, culturais e filosóficos. Este foi o desafio aceito pelo teólogo, escritor e professor Leonardo Boff, que ministrou palestra no segundo dia do XXVII Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil.

     Na semana em que pesquisas internacionais apontam o Brasil como um dos países que menos combatem a corrupção política no mundo, Boff afirmou que o problema vai além. Em sua opinião, o próprio caráter do brasileiro é marcado pela corrupção, que está historicamente incutida em nossa sociedade. “O ser humano é um ser naturalmente falível, que vive dividido entre certo e errado, luz e sombra. E a corrupção se aproveita das fraquezas humanas para se instalar”, analisou.

     A avaliação do professor não exclui o Estado e os detentores do poder. Por isso, afirma ele, o trabalho dos Tribunais de Contas de todo o Brasil é de suma importância para a existência da democracia. “Conselheiros são aqueles que devem desmascarar os processos de corrupção, e não só depois que o fato estiver consumado. Eles atuam antecipadamente, ajudando a sociedade a se defender daqueles que, de alguma forma, tentam roubá-la. Os Tribunais de Contas têm um papel ingrato, mas que precisa ser feito, que é trazer a tona os crimes, identificar os corruptos e, acima de tudo, não se deixar corromper”, afirmou.

    Combate

     No entanto, assim como a corrupção é histórica, os obstáculos para o combate também são. Boff afirma que, por mais intenso que seja o trabalho, o Brasil não dispõe um número de auditores suficiente para atender a toda a demanda, uma situação provocada histórica e intencionalmente, por elites políticas que encontram nesse esvaziamento uma facilitação para desenvolver atos ilícitos.

     “Não há um mundo sem corrupção, isso é irreal. O que podemos é criar normas e leis que dificultem esses atos. É necessário flexibilizar a legislação, porque a vida é mais importante que a lei, e esta deve ser interpretada sempre em favor do bem comum”, concluiu.

    Fonte: Atricon.