Jaime Amorim – O Garoto do Marquês
Ele era discreto, quase tímido, sorriso brando, denotando um misto de inteligência, leve ironia e afabilidade. Seu porte era elegante,com um trajar simples, normalmente com a camisa de manga curta semi modelada ao corpo atlético e para fora da calça. Cabelo curto, óculos de aro redondo e um comedimento prudente no falar. Era meu companheiro constante de viagens oficiais. E foi assim que conhecemos Lisboa, Fátima, Coimbra e Porto, em Portugal; Vigo, Compostela, Oviedo, Salamanca e Madrid, na Espanha. Aqui no Brasil, fomos a Gramado, Goiânia, Natal, Fortaleza, Florianópolis, Belém, Porto Velho, Rio Branco, Boa Vista, além de inúmeras outras localidades onde participamos de cursos, congressos e seminários. . Nossa derradeira viagem foi a Piripiri, onde assisti à sua última e brilhante palestra em um seminário da Escola de Contas do TCE.
Jaime Amorim Junior era um filho devotado a sua mãe, Dona Margarida. e por demais solidário e carinhoso com a sua irmã e seus dois irmãos, fontes de sua vigilante atenção e preocupação. Fiel às origens, era presença constante no Bairro Marquês, onde sempre revia os amigos de infância e com os quais jogava dama e conversa fora nas tarde do sábado. No Tribunal, era unanimidade de aceitação, tratando a todos e por todos sendo tratado com muito carinho.
Sua competência profissional era inquestionável, seus posicionamentos firmes, suas colocações sensatas e quando se dispunha a dar sua opinião, todos paravam para ouvi-lo.
Era casado há cinco anos com Juliana, com quem formava um parzinho ajustado e feliz. Pai de André Luis, a quem curtia loucamente com constante e ativa presença, tanto na educação como no lazer. Desfrutou com ele em total intensidade cada minuto da sua ainda tenra idade como se estivesse adivinhando a brevidade do seu tempo.
Encontrávamos-nos diariamente no seu gabinete. Era lá o nosso fim de manhã, onde eu, ele o Jackson passávamos os assuntos em revista em divertidas e bem humoradas conversas sobre o nosso cotidiano. Ele sempre sorrindo e ouvindo e, de vez em quando, dizendo: “ O Lulu gooosta!” Era sua maneira de manifestar a descontração do papo que rolava.
Nós, que gostávamos tanto dele, nunca poderíamos imaginar que o Criador gostava mais ainda do que nós e, de repente, o levou em um vôo sem motivação nem lógica, mas que para Deus representava o seu chamado.
Sem querer teimar com Deus, nos resignamos com a dor da sua partida, porém sem abrir mão do culto à sua memória que será imortalizada dando nome ao prédio sede do TCE, instituição que, de maneira brilhante e fiel, defendeu até o seu ultimo dia entre nós.
Teresina, 04 de junho de 2012.
Luciano Nunes