O Piauí é rico em sítios arqueológicos que não se resumem apenas a Serra da Capivara e a Serra das Confusões, no Sul do Estado. As pinturas rupestres aparecem em todas as regiões e até mesmo em Luís Correia, no litoral, já foram encontrados sítios que provam a presença de humanos pré-históricos na região. A revelação foi feita hoje (29) pela arqueóloga Conceição Lage em palestra no projeto Sextas Sem Conta, realizado nesta manhã no auditório do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), por meio da Escola de Gestão e Controle Conselheiro Alcides Nunes (EGC).
Ela e o também arqueólogo Wellington Lage falaram sobre os “50 anos de pesquisas arqueológicas no Piauí”, focando no trabalho feito por Niède Guidon e sua equipe e na importância da Universidade Federal do Piauí ter criado cursos e mestrados na área, também com foco na necessidade de conservação das pinturas rupestres, pois não basta apenas pesquisar, mas mantê-las para as gerações futuras.
Niède Guidon tomou conhecimento da Serra da Capivara em 1963, quando o então prefeito de São Raimundo Nonato, Gaspar Ferreira, a procurou no Museu do Ipiranga, em São Paulo, onde trabalhava e lhe mostrou fotografias das pinturas. Ela ficou encantada, mas teve que viajar para fazer pós-graduação na França e somente em 1972 ela deu início às suas pesquisas com apoio da UFPI, que contratou pesquisadores para os primeiros levantamentos e começou a estruturar a formação de especialistas no assunto.
Em 1979 a UFPI criou o Núcleo de Antropologia Pré-Histórica, o primeiro do País. Assim como a especialização em antropologia, também a primeira do Brasil. A especialização em conservação de sítios arqueológicos foi a primeira da América Latina. A primeira datação das pinturas rupestres da Serra da Capivara informou que elas foram feitas a 25 mil anos, mas as pesquisas continuam e há possibilidade de algumas tenham 100 mil anos.
O conselheiro substituto Jaylson Campelo afirmou que o evento de hoje é importante para reverenciar a beleza e a riqueza dos sítios arqueológicos do Piauí. Para ele, as pesquisas feitas na Serra da Capivara transformaram a vida das pessoas, que hoje preservam a flora e a fauna da região e têm orgulho do seu patrimônio. “Graças a Niède Guidon, a quem o TCE vai homenagear com uma medalha que será entregue lá, devido a sua pouca mobilidade, temos ciência de toda essa riqueza”, afirmou.
O professor doutor Bernardo Sá, coordenador do Sextas Sem Contas, disse que o projeto vem sendo realizado desde 2019 com os mais variados temas. “Tratamos temas como a tropicália e Torquato Neto, os indígenas no Piauí, a Batalha do Jenipapo. O tema de hoje é porque sabemos pouco de nossa arqueologia. O Brasil não pode ser conhecido apenas de 1.500 para cá. Temos 50 mil anos de datação”, afirmou.
O evento contou ainda com exposições fotográfica e de vestígios arqueológicos, no hall do auditório da corte de contas.